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Mostrando postagens de abril, 2011

Teu Olhar

Teu olhar, um segredo: posso eu, logo cedo, algo novo prever? Teu olhar faz mistério, e se torna tão sério quando hesita em me ver. Teu olhar, meu espelho: mau exemplo ou conselho, o que vem me contar? Teu olhar, falsa mágica: uma nota tão trágica pode aqui retratar. Teu olhar, um veneno: sentimento pequeno faz crescer e aquece. Teu olhar, uma cura: é encontro e procura; me enxerga e esquece. Teu olhar, quase engano, levemente profano: quanto quer me iludir? Teu olhar toda hora me faz ir mundo afora, sem distância medir. Teu olhar eu encaro: tem um jeito tão raro, um feitio de dor. Teu olhar interrogo: é que espero, tão logo, entender tua cor.

Run!

Life is happening out there while you're standing here, only thinking about it.

Herança

Você partiu. Morreu na minha realidade. Ficaram as lembranças, um inventário de momentos, de ideias, de palavras, e de um silêncio derradeiro que me cortou os pulsos sem derramar sangue, que me calou a admiração, plantou insultos na minha boca, violentou minha esperança. Não houve anúncio; fiquei suspensa, tal qual equilibrista na corda bamba do desencanto, do desencontro... desassossegada espera. Hoje eu não sei de muitas coisas. Não sei o que você levou de mim, porque não há vazio algum aqui. Não houve nem há abismo entre nós, e como isso é possível, também não sei. Eu só conheço a minha herança, só vejo agora o que você me deixou. Presença. Verdade. O direito adquirido de te lembrar. E me liberta saber que será sempre meu, e todo meu, o direito de sentir saudade.