Postagens

Mostrando postagens de maio, 2011

Um Retrato

Imagem
Eu aqui, dentro de mim, sou tantas outras, sou tão sem fim... Distante e evasiva, o olhar perdido da menina no quadro de Renoir. Uma cortina, uma neblina cobrem meu gesto, meu jeito, desajeitado caminhar. Tento compor o meu retrato, um relatório abstrato que boa rima não tem... Mas se assim o aceito, por vê-lo belo e imperfeito, me reconheço também. *Imagem: Auto-Retrato , de Tarsila do Amaral [1918]

Exposição

Já não se trata apenas dos meus pensamentos. Já não diz respeito apenas aos meus sonhos. Já não é meu segredo. Nada mais é só meu. É a minha letra que não mente. É o meu verbo que está todo impregnado de você.

Canto

Ora, ora! Vamos embora que o andar da hora não nos espera! Veja, veja! Segue a peleja, que a paz que goteja é pura quimera! Siga, siga! Alcance e bendiga a mão tão amiga que longe te espera! Cante, cante a alegria distante! Só te importa ir avante, ser além do que era!

Do lado de cá

Do lado de cá interpreto sinais, procuro vestígios, desculpas, motivos para entender o que não é meu. Do lado de cá eu traço rotas para a minha possível travessia, mas minha bússola se engana, sempre se engana. Do lado de cá monto quebra-cabeças, costuro uma colcha de retalhos: mil pedaços do que poderia ser, compondo um todo que não ganha vida. Do lado de cá bate sol, tem água e comida, tem chuva e tem estio. Tudo corre bem, para quase todos. Só no meu olhar falta um pouco de brilho. Do lado de cá permaneço, porque ponte ainda não há; ou apenas existe e persiste o meu medo de atravessar.