Você partiu. Morreu na minha realidade. Ficaram as lembranças, um inventário de momentos, de ideias, de palavras, e de um silêncio derradeiro que me cortou os pulsos sem derramar sangue, que me calou a admiração, plantou insultos na minha boca, violentou minha esperança. Não houve anúncio; fiquei suspensa, tal qual equilibrista na corda bamba do desencanto, do desencontro... desassossegada espera. Hoje eu não sei de muitas coisas. Não sei o que você levou de mim, porque não há vazio algum aqui. Não houve nem há abismo entre nós, e como isso é possível, também não sei. Eu só conheço a minha herança, só vejo agora o que você me deixou. Presença. Verdade. O direito adquirido de te lembrar. E me liberta saber que será sempre meu, e todo meu, o direito de sentir saudade.
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